“Super Fortaleza Voadora” B-29
Sessão de inauguração da I Quinzena de Aeromodelismo, em 22 de Julho de 1957, no Palácio Foz, com Carvalho Marques (à esquerda) e José Carlos Rodrigues (em primeiro plano) apresentando o modelo da “Super Fortaleza Voadora” Boeing B-29, expressamente construído para aquele evento.
Nascimento e realização do projecto da maqueta voadora do Boeing B-29
- Equipa que concebeu e construiu:
José Carlos Rodrigues, António Castro, Manuel de Almeida Simões, António Bento e Pereira Baptista.
- Pesquisa histórica e desenhos iniciais:
Foram efectuados, em 1956, por António Castro a partir de documentação fidedigna – inclusivamente documentos da própria Boeing – fotografias e planos desenhados por W. A. Wylam, em Setembro de 1944.
- Planos de construção:
Foram elaborados, também em 1956, por Carlos Rodrigues, a partir dos citados desenhos iniciais. Foram desenhados em tamanho natural, considerando a escala 1/20, e incluíam todos os detalhes de construção, as características aerodinâmicas do aeromodelo, os materiais a utilizar, os cálculos de fadiga dos materiais e soluções específicas construtivas.
Foi calculado um peso máximo de 7 kg mas veio, no final, a pesar 6 300 g, o que correspondeu a uma carga alar de 124 g/dm2.
Um dos maiores problemas era o da vibração dos motores – 4 Webra 2,5 c.c. a diesel – o que obrigou a preocupações acrescidas, quanto aos materiais a utilizar e a certas soluções construtivas.
- Construção:
A construção, que decorreu na primeira metade de 1957, esteve a cargo de Carlos Rodrigues, Manuel Simões e António Bento, ocupando-se este último das partes metálicas.
Os materiais estruturais utilizados foram principalmente: balsa, contraplacado e faia.
Todo o modelo foi forrado a balsa de 2,4 mm.
O nariz foi construído em fibra de vidro e, na cabina, via-se o complicado painel de instrumentos executado à escala.
O sistema eléctrico, que incluía luzes de posição intermitentes, faróis de aterragem, iluminação de bordo e dos painéis de instrumentos, foi concebido e construído por Pereira Baptista.
O trem de aterragem era equipado com pequenos amortecedores telescópicos e tacões de borracha.
- Os voos:
Os primeiros voos de ensaio decorreram na Pista da Portela, em Outubro de 1958, para teste das condições de equilíbrio, tendo sido efectuados a baixa velocidade e altitude, apenas com dois motores.
A segunda tentativa teve lugar, também na Pista da Portela, em 9 de Novembro de 1958, e foi conclusiva das boas qualidades de voo da maqueta: voando num diâmetro de 50 metros, atingiu velocidades não muito superiores a 70 km/h, com excelente equilíbrio.
O Repórter Biela, que escrevia regularmente no Boletim do CAL e era considerado o crítico mais raivoso e o maior má-língua que existia no Clube (e que nunca ninguém soube quem era), no Boletim n.º 14, de Maio de 60, gozava o facto de a B-29 ter perdido 2 agulhas dos carburadores de dois dos motores, nos primeiros testes de voo, em Outubro de 1958.
“Mas, em 9 de Novembro, – diz o Biela – vimos o gigante voador descolar à plena potência dos seus quatro motores, erguer as suas 0,007 toneladas de peso muito acima da rede da pista, elegante e maravilhoso, dando a sensação nítida de um verdadeiro avião”.
Conta-se que foi a primeira –e única vez –que o Repórter Biela disse bem de alguma coisa. As fotos que se seguem provam que, daquela vez, ele tinha toda a razão!
Fases da construção, em ambiente de conspiração …
Agora sim, à luz do dia!
Pista da Portela, 9 de Novembro de 1958. Os preparativos para o voo …
… e, finalmente, o grande momento!
Numa demonstração, em 1966, num festival organizado no Colégio Militar, em Lisboa
Numa fotografia moderna (1997), depois de ter sido submetida a um “tratamento” de conservação.