José Carlos Rodrigues (1930-2021)
José Carlos Rodrigues foi uma das figuras que mais contribuíram para o desenvolvimento do Aeromodelismo em Portugal, nas décadas de 50 e 60.
Começou a praticar Aviominiatura na Mocidade Portuguesa, em 1943. No ano seguinte, já orientava esta actividade no Centro 19 da sua Escola Patrício Prazeres, ensinando a construção de planadores de iniciação a duas dezenas de jovens colegas.
Em 1946, funda, em conjunto com Viriato de Carvalho, o “Jornal do Ar”, um quinzenário destinado à divulgação da Aviominiatura junto dos alunos da escola, a quem era distribuído gratuitamente.
Em 1952, faz parte da Comissão Instaladora do Clube de Aeromodelismo de Lisboa (CAL) – é o sócio n.º 2 – , juntamente com Armindo Filipe e Abílio Matos, exercendo em seguida, durante vários anos, o cargo de Presidente da Direcção.
Num meio que até então se encontrava acomodado, o CAL veio introduzir um notável refrescamento e tornou-se uma indiscutível referência no Aeromodelismo português. Deve-se a Carlos Rodrigues a dinamização dessa extraordinária equipa de gente entusiástica que, nos anos 50 e 60, souberam levar a cabo acções excepcionais em prol da divulgação da mentalidade aérea e da prática daquela modalidade que, na altura, se designava “Desporto-Ciência”.
São exemplo dessas acções:
- A contribuição para a criação da Pista de Voo Circular, em terrenos do Aeroporto de Lisboa;
- A contribuição para a instituição de Regulamentos Nacionais, que passaram a regular a realização de provas oficiais;
- A criação do Campeonato Ibérico, competição anual Portugal/Espanha, que pode ser considerada como arranque da internacionalização regular do Aeromodelismo português;
- A efectivação de demonstrações de propaganda em diversas localidades;
- A edição da pequena revista “AEROmodelismo”, boletim mensal do CAL, que chegava aos mais recônditos lugares, fazendo a divulgação da modalidade;
- A realização da I Quinzena do Aeromodelismo , em 1957, ainda hoje considerado o maior evento de propaganda desta modalidade em Portugal;
Paralelamente, Carlos Rodrigues desenvolveu, durante a década de 50, intensa actividade no Aeromodelismo da Mocidade Portuguesa. Promoveu a renovação e aperfeiçoamento técnico da modalidade naquela organização que, na altura, congregava todos os jovens em idade escolar, conseguindo que o aeromodelismo fosse praticado em 36 escolas espalhadas pelo país. Como Director do Centro Técnico de Aeromodelismo promoveu a criação de novos aeromodelos para a instrução nas escolas, projectados e desenhados por si e por outros técnicos do Centro, desenvolveu investigação ao nível de novos processos de construção e levou a efeito a realização de vários cursos de aperfeiçoamento de Instrutores.
Em 1960, como membro da Direcção do Aero Club de Portugal, lançou as primeiras sementes da futura Federação Portuguesa de Aeromodelismo , primeiro com a realização das Reuniões Anuais e, depois, em 1963, com a criação da Comissão Nacional de Aeromodelismo.
Carlos Rodrigues, que, desde 1953, colaborava em diversas revistas, divulgando a modalidade fora do seu meio, e regularmente em O Volante, Flama e Revista do Ar, publica em 1964 o manual “Aeromodelismo Teórico e Prático”. Esta publicação vem preencher a falta de literatura técnica e abrangente que se fazia sentir na altura, contribuindo para que alunos, das escolas da modalidade, e desportistas pudessem praticar um melhor aeromodelismo.
José Carlos Rodrigues contribuiu em elevado grau para a criação, entre nós, da chamada mentalidade aérea, através das muitas realizações que levou a efeito. O reconhecimento desse facto ficou expresso na atribuição que lhe foi feita pela Fédération Aeronautique International, no ano de 2000, do “Diploma Paul Tissandier” “por serviços prestados à Aeronáutica e Desportos Aéreos”.
Até 2015, José Carlos Rodrigues integrou os Órgãos Sociais do CAL, ocupando o lugar de Presidente da Assembleia Geral.
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