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Clube de Aeromodelismo de Lisboa
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1943 – O
primeiro modelo Com 13 anos
de idade, José Carlos Rodrigues faz o
seu primeiro modelo – um Curtiss da Marinha dos EUA – a partir de fotos
da Revista "Em Guarda – Para a
defesa das Américas", que era oferecida pelo "Bureau
de Assuntos Interamericanos", de Washington e que fazia a propaganda
dos Aliados, na II Grande Guerra. O
modelo, que havia sido talhado a canivete de uma acha do caixote da lenha
para o fogão, andou nas mãos dos colegas da Escola que o mostraram ao
Comandante do Centro da Mocidade. Este,
porque estava muito necessitado de alguém que promovesse entre a
rapaziada a “mentalidade aérea” (coisa de que, na época, não se
sabia bem o que era), logo ali “promoveu” o jovem José Carlos a “Instrutor
de Aviominiatura”, que era assim que o Aeromodelismo se chamava
naqueles tempos. Mas não o
lançou aos bichos. Deu-lhe muito material: o manual “Aviominiatura –
ABC da Aviação” pelo piloto-aviador Américo Vaz, planos de modelos
alemães e revistas. Passados
alguns dias, já havia alguma rapaziada a construir aviominiaturas sob a
sua orientação, ainda pouco ou nada consistente. Um deles era o Viriato
e outro o Avelino. A seguir, o
Comandante do Centro inscreveu o novel instrutor no Centro Especial de Aviominiatura da Mocidade, que funcionava num
pavilhão dos jardins do Instituto Superior de Economia, na Rua Miguel
Lupi, ali à Estrela, e que, naquela altura, era dirigido por Américo Vaz,
coadjuvado pelos Instrutores Reis e Manilho.
1944 – João Gouveia José Carlos
e Viriato assistem embasbacados, nas areias da praia da Trafaria, ao voo
de um modelo sem cauda, que alguém acabara de lançar do alto de uma
duna. Vieram a saber mais tarde que se tratava de João
Gouveia, o primeiro aeromodelista português, que
procedia a ensaios do seu último invento: a asa voadora, cuja patente
registou nesse mesmo ano, sob a denominação de "sistema
de equilíbrio automático de aeroplanos". José Carlos cria, com Viriato de Carvalho, o Jornal do Ar, um quinzenário dedicado à Aviominiatura, editado pelo Centro Escolar n.º 19 da MP.
Em Outubro deste mesmo ano, José Carlos é nomeado Chefe de Castelo no Centro n.º 19 da Mocidade, na sua Escola Patrício Prazeres. Então,
toda a rapaziada da Aviominiatura entra no Castelo
n.º 5, cujos 30 filiados, embora não soubessem marcar passo, eram exímios
a construir aeromodelos. O Castelo n.º 5, que veio a ficar célebre pelas muitas “batalhas” (provas) que ganhou, tinha como patrono Sacadura Cabral. Na introdução
do Caderno dedicado ao Castelo, conta-se o feito deste herói que,
juntamente com Gago Coutinho, efectuou a 1.ª travessia aérea do Atlântico
Sul. A descrição
do feito termina com a seguinte exortação aos jovens:
1947 – Empregado bancário José Carlos
sonhava com a carreira aeronáutica, mas a família opunha-se e, assim,
“por raiva”, empregou-se num
banco, para cumprir um modo de vida nada parecido com o que pretendia. Contudo, não
abandonou o Aeromodelismo e, no início da década de 50, quando a
modalidade começou a despertar em Lisboa, alguns “aeromodelistas
particulares” começaram a aparecer no Centro da Patrício Prazeres para
trocarem impressões e para rodar os motores que começavam a surgir. No Porto, já
se fazia Aeromodelismo a sério e, por isso (e não só) era preciso
dar-lhes réplica. Começou então a tomar forma a ideia de constituir um agrupamento em Lisboa, que congregasse todas as vontades que estavam à vista. José Carlos foi, assim, “arrastado” por Armindo Filipe e Abílio Marques para construírem um Clube.
1952 – Surge o CAL Em Setembro
de 1952 nasce o CAL – Clube de
Aeromodelismo de Lisboa, que começou a ser dirigido por uma entusiástica
equipa liderada por J. C. Rodrigues. Em Outubro,
Carlos Rodrigues é nomeado Director do recém criado Centro
Técnico de Aeromodelismo, que passou a funcionar na Casa da Mocidade,
na Rua Almeida Brandão, em substituição do Centro de Instrução
Especial de Aviominiatura, da Rua Miguel Lupi. O Centro Técnico de Aeromodelismo destinava-se a promover a renovação e aperfeiçoamento técnico do Aeromodelismo na MP. Ali foram
criados os modelos a incluir na instrução dos Centros de Instrução
Geral, se estudaram os melhores processos de construção de aeromodelos e
se realizaram alguns cursos de instrutores de Aeromodelismo. 1953 – Colaboração em
Revistas
Carlos
Rodrigues começa a colaborar em várias
Revistas e, regularmente, na página de Aviação do Jornal "O
Volante",
na secção "Voar" da revista "Flama" e na "Revista do Ar" do Aero Club de
Portugal, com notícias e artigos técnicos, visando a propaganda do
Aeromodelismo. Inicia, em
1954, a publicação de “AEROmodelismo
– Boletim Mensal do CAL” que veio despertar grande interesse no
meio aeromodelístico nacional.
1957 – A Quinzena de
Aeromodelismo Carlos Rodrigues coordena a equipa que realiza aquele que até hoje é considerado o maior evento de divulgação desta modalidade em Portugal – a "I Quinzena de Aeromodelismo". Sob o título
“O Clube de Aeromodelismo de
Lisboa, fundado em 1952, vai completar 6 anos de profícuo labor”,
escrevia o Diário de Notícias, em meados de 1958: “Ao Clube de Aeromodelismo de Lisboa se devem já inúmeras iniciativas,
entre elas: a pista de voo circular que a Direcção-Geral de Aeronáutica
Civil fez construir nos terrenos do Aeroporto de Lisboa; a publicação
dos Regulamentos da Federação Aeronáutica Internacional como normas únicas
para provas oficiais; a realização de provas com os praticantes do país
vizinho; a efectivação de demonstrações de propaganda em diversas
localidades; e, finalmente, em 1957, a organização da I Quinzena de
Aeromodelismo, que tão largamente propagandeou a modalidade e na qual se
integrou uma exposição no Palácio Foz, inaugurada pelo Ministro das
Comunicações.”
Ainda em 1957,
Carlos Rodrigues é nomeado Inspector
de Aeromodelismo da MP. Nessa época, eram dirigentes no Centro Técnico:
Pereira Baptista, António Bento, Manuel Simões e Fernando Simões e,
mais tarde, João Silva. Por esta
altura, o Aeromodelismo da MP assumia já uma importância bastante
significativa no nosso meio. No folheto que anunciava a realização do
Nacional de 1958 pode ler-se que, até aí e desde 1946, já tinham
praticado Aeromodelismo 5270 filiados, os quais tinham construído cerca
de 3000 modelos de instrução e de competição. Num artigo
publicado em 1958, Carlos Rodrigues congratula-se pelo facto de alguns
daqueles rapazes se encontrarem em Escolas de Voo Sem Motor e mesmo na Força
Aérea, “...provando-se
assim que alguma coisa tem vindo a ser feita no sentido da criação da
chamada mentalidade aérea”. Carlos Rodrigues foi, neste ano, eleito para a Direcção do Aero Club de Portugal presidida pelo Cor. Pinheiro Corrêa e aí lançou as primeiras sementes da futura Federação de Aeromodelismo. Foi em
Dezembro de 1960 que se realizou a 1.ª
Reunião Anual de Aeromodelismo. Nestas Reuniões, tinham assento todas
as colectividades que se dedicavam à prática da modalidade e foram
presididas pelo Aero Club de Portugal até à criação da Comissão
Nacional de Aeromodelismo, em 1963.
As Reuniões
Anuais funcionavam como autênticos Congressos da Modalidade, e a Comissão
Nacional como executivo das resoluções tomadas naquelas reuniões e com
poderes federativos, até à criação da Federação Portuguesa de
Aeromodelismo, em 1986. José Carlos Rodrigues publica o Manual “Aeromodelismo – Teórico e Prático”, em Novembro de 1964.
1965 – Modelos de Museu A última acção
com significado que, na década de 60, se conhece a Carlos Rodrigues é a
construção para o Museu Militar, a partir de planos da época, dos
modelos à escala 1/20 do primeiro avião
que voou em Portugal – Blériot XI – e o primeiro
avião de instrução da Força Aérea – Caudron G-3. Estes modelos encontram-se
actualmente no Museu do Ar.
2000 – Diploma da FAI A Fédération
Aéronautique International conferiu a José Carlos Rodrigues, em 2000, o
Diploma Paul Tissandier, por
toda uma carreira de serviços prestados à Aeronáutica e Desportos Aéreos.
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